Dilema CBAM: Pagar Taxas ou Desenvolver Fornecedores Locais? Desvendando as Opções para Empresas Europeias
- Luiz Flavio Paiva Teixeira
- 30 de abr. de 2024
- 3 min de leitura

A entrada em vigor do Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira (CBAM) da União Europeia (UE) em 2026 coloca as empresas europeias que importam matérias-primas do exterior em um dilema crucial: pagar as taxas CBAM por suas emissões indiretas de carbono ou investir no desenvolvimento de fornecedores locais dentro da UE. Este artigo explora esse dilema, aprofundando-se em cada opção com exemplos práticos e concluindo qual caminho oferece a solução mais vantajosa para as empresas.
Opção 1: Pagar Taxas CBAM
Sob essa opção, a empresa assume a responsabilidade pelas emissões de carbono geradas durante a produção das matérias-primas importadas. As taxas CBAM são calculadas com base na quantidade de carbono embutido em cada produto, tornando-se um custo adicional significativo para a empresa.
Exemplo: Uma empresa de manufatura de móveis importa madeira de um país com alto índice de emissões de carbono. Ao pagar as taxas CBAM, a empresa terá um aumento nos custos de produção, impactando diretamente o preço final dos móveis.
Vantagens:
Solução imediata: A empresa não precisa se envolver em mudanças complexas na cadeia de fornecimento.
Evita investimentos iniciais: O desenvolvimento de novos fornecedores locais pode ser dispendioso e demorado.
Desvantagens:
Aumento significativo de custos: As taxas CBAM podem representar um impacto financeiro substancial para a empresa.
Perda de competitividade: Produtos com preços mais altos devido às taxas CBAM podem perder competitividade no mercado.
Risco de instabilidade no mercado: As taxas CBAM podem sofrer flutuações, gerando incertezas para a empresa.
Opção 2: Desenvolver Fornecedores Locais
Ao investir no desenvolvimento de fornecedores locais dentro da UE, a empresa internaliza a produção das matérias-primas, reduzindo significativamente as emissões de carbono indiretas e, consequentemente, eliminando a necessidade de pagar taxas CBAM.
Exemplo: A mesma empresa de manufatura de móveis decide investir em um reflorestamento local e na construção de uma serraria sustentável dentro da UE. Ao utilizar madeira de origem local com menor pegada de carbono, a empresa elimina as taxas CBAM e potencializa sua imagem sustentável.
Vantagens:
Redução de custos a longo prazo: Eliminar as taxas CBAM gera economia significativa ao longo do tempo.
Aumento da competitividade: Produtos com menor pegada de carbono são mais atrativos para consumidores conscientes da sustentabilidade.
Fortalecimento da imagem da marca: A empresa se posiciona como líder em práticas sustentáveis.
Maior controle da cadeia de fornecimento: A empresa garante a qualidade e a sustentabilidade das matérias-primas.
Desvantagens:
Investimento inicial: O desenvolvimento de novos fornecedores locais pode ser um processo dispendioso e demorado.
Gerenciamento da cadeia de fornecimento: A empresa assume a responsabilidade pela produção e logística das matérias-primas.
Riscos de mercado: Mudanças nas políticas e regulamentações podem afetar a viabilidade dos fornecedores locais.
Conclusão: A Melhor Escolha
A decisão entre pagar taxas CBAM ou desenvolver fornecedores locais depende de diversos fatores específicos para cada empresa, como:
Setor de atuação: Empresas em setores com alto consumo de matérias-primas podem ter um impacto maior das taxas CBAM.
Estrutura da cadeia de fornecimento: Empresas com cadeias de fornecimento complexas e diversificadas podem ter mais dificuldade em desenvolver fornecedores locais.
Perfil de risco: Empresas com menor apetite ao risco podem preferir a solução imediata de pagar as taxas CBAM.
Em geral, o desenvolvimento de fornecedores locais dentro da UE oferece benefícios a longo prazo mais significativos, como a redução de custos, o aumento da competitividade e o fortalecimento da imagem da marca. No entanto, a decisão final deve ser tomada com base em uma análise profunda das características e necessidades de cada empresa.
Considerações Adicionais:
Combinação de estratégias: É possível combinar ambas as opções, pagando taxas CBAM para alguns produtos e desenvolvendo fornecedores locais para outros.
Apoio governamental: A UE e os estados membros oferecem programas de apoio para empresas que investem em práticas sustentáveis.
Inovação e tecnologia: A busca por soluções inovadoras e tecnologias de baixa emissão de carbono pode auxiliar na redução da pegada de carbono.
Busca por fornecedores com certificação CBAM: Investigar fornecedores fora da UE que estejam implementando práticas sustentáveis e possam oferecer certificações CBAM para suas matérias-primas. Isso pode ajudar a reduzir as taxas CBAM pagas pela empresa.
Transparência e comunicação: Seja transparente com os clientes a respeito dos esforços da empresa para reduzir a pegada de carbono. A comunicação clara sobre as taxas CBAM e as estratégias de sustentabilidade pode fortalecer a confiança e a fidelidade do cliente.
Engajamento na cadeia de valor: Incentive e apoie os fornecedores atuais, mesmo que fora da UE, para adotarem práticas de produção mais sustentáveis. Isso pode ajudar a reduzir a pegada de carbono geral da cadeia de fornecimento.
Um Caminho para a Sustentabilidade
O CBAM representa um desafio, mas também uma oportunidade para as empresas europeias. Ao analisar cuidadosamente as opções, considerando as necessidades específicas do negócio e adotando uma visão de longo prazo, as empresas podem transformar esse dilema em um catalisador para a sustentabilidade. Investir em práticas sustentáveis e na redução da pegada de carbono não apenas contribui para o meio ambiente, mas também fortalece a competitividade e a imagem da marca no mercado global cada vez mais consciente da importância da sustentabilidade.
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